Cara senhora, Machfield.
Sinto lhe informar mas, as coisas tenderam a piorar nessa última semana.
A raiva, o ódio, a vingança estão se explodindo juntamente com bombas, tiros, punhaladas à aqueles que, pela lei divina são nossos irmãos.
Não sei ao certo o que está a acontecer lá fora. Mulheres não se integram nesses acontecimentos, nessa luta dos homens. Luta sem sentido. Aqui, estão matando por poder, por terra.
Estou com medo, muito medo pois, papai não volta para casa a bastante tempo. Apesar de tudo ter "estourado" visivelmente a poucos dias, nosso pai está fora de casa, defendendo o país a muitos meses.
Por favor, venha até mim. Venha me proteger como você sempre fez. Estou me sentindo tão sozinha, tão desprotegida, tão frágil... Venha para que, você possa voltar a me fazer feliz, a me fazer companhia, a brincar comingo, a ser minha "tutora" enquanto papai trabalhava para, no final do dia, trazer algo para, finalmente, "acalmar" nossos estomâgos. Você consegue se lembrar? Éramos tão felizes...
Os estrondos estão ficando mais frequentes, cada vez mais altos, mais reais.
Acho que estão chegando aqui onde estou. O que eu faço? Para onde eu vou? Por favor, peço-lhe novamente que venha ao meu encontro. Estou com muito medo.
Ouço gritos aqui, muito perto. Espero que consiga atender ao meu pedido logo.
Estarei esperando-a onde íamos brincar mas, desta vez estarei escodida em cima daquelas árvores. Na verdade, estarei em cima da árvore mais alta de todo o campo. Quero me sentir mais perto que for possível de ti, minha doce e adorável irmã.
Eu te amo e, amanhã pela manhã, te amarei ainda mais. Não demore.
EUA, 06 de Junho de 1944.